Por esta web fora, ainda se encontram muitos que defendem eventos baseados em maus tratos aos animais para o simples entretenimento do público, como por
exemplo as lutas de cães e galos e claro, as absurdas touradas. É natural e compreensível que quem já tenha uma consciência
acima da média relativamente a estas questões, considere cruéis as pessoas
intervenientes neste tipo de eventos e infelizmente eu também não posso deixar de concordar, mas não serão todos! Pelo que vou lendo e observando, sou levada a crer que - salvo algumas excepções que até não são assim tão poucas - estes actos são fruto de um profundo desconhecimento ou se quisermos, nestes casos em particular, de uma total ignorância quanto às características físicas,
mentais e emocionais dos animais, os quais são, inconscientemente, reconhecidos
como “objectos” ou “brinquedos”.
As lutas de cães e galos são
ilegais em Portugal, mas infelizmente, as touradas, apesar de já se encontrarem em franca decadência, ainda são um evento não só legal como elitista, apoiado por pessoas influentes da nossa sociedade, entre as quais ganadeiros (criadores de gado), alguns políticos e figuras públicas, o que tem
complicado bastante o trabalho dos que pretendem extinguir de vez esta
modalidade.
Os apoiantes e defensores das
touradas fazem-se valer pelo argumento da “tradição cultural”, o qual, prestando atenção aos factos da História Universal, não tem qualquer fundamento, caso contrário, se nada evoluísse em prol da tradição ainda haveria, por exemplo, escravos Gladiadores.
Gladiadores Romanos
Para quem já se
não se recorda, os Gladiadores eram escravos na Antiga Roma, forçados a combater
entre si, até à morte, ou pelo menos até um já não oferecer resistência ao
adversário e, nesse caso, a sua vida ou morte era decidida pelo público, apenas
por meio de um gesto.
Se o público exibisse a mão fechada com o polegar para
cima, a vida do gladiador seria poupada, mas se exibisse a mão fechada com o
polegar para baixo, a vida do escravo gladiador que já não oferecia resistência, deveria ser terminada pelo adversário, ali mesmo na arena, sem dó nem piedade. Tudo dependia da vontade do público e, em última instância, da vontade do imperador que presidia ao espectáculo.
A "Tradição" não prevaleceu
Utilizando o mesmo argumento,
“por uma questão de tradição cultural”, estes eventos geradores de grande
afluência por parte do público aos circos de Roma Antiga, também não deveriam
ter sido extintos, uma vez que era, na altura, um dos poucos divertimentos populares e estava bastante enraizado na cultura daquele povo. Contudo, a evolução das mentalidades e consciências prevaleceu em detrimento da dita "tradição cultural" e os Gladiadores deixaram de existir.
Perante este e outros exemplos, a argumentação da “tradição
cultural” torna-se inválida, logo à partida. Mas quanto à questão dos Gladiadores
já a maioria está de acordo, uma vez que coloca em causa a vida humana e desse
modo torna-se mais fácil consciencializar a maioria das pessoas, pois conseguem
identificar-se, mais facilmente, com um escravo do que com um animal e penso
que é exactamente aqui que reside o problema.
O Homem vs Natureza
O ser humano tem especial tendência para se julgar superior à Natureza e a tudo o que ela contém, tal como
a flora, a fauna e os recursos naturais. No passado pensou-se que estes seriam inesgotáveis, pois teriam sido
aqui “colocados” apenas para a satisfação dos nossos desejos, necessidades e interesses.
Hoje em dia já dispomos de informação suficiente para compreender o quão errado
estava este pensamento. Não só as fontes são esgotáveis, como são indispensáveis ao equilíbrio do nosso planeta.
O ser humano faz parte de um todo
que necessita de todas as partes para que se mantenha equilibrado. Talvez após
todos assumirem esta máxima se comece então a compreender que os animais não são
objectos ou brinquedos aqui “colocados” para a nossa satisfação pessoal e
social.
Talvez também, a partir daí, se repare nas semelhanças entre os animais humanos e os animais não humanos, que tal como nós pensam, sentem amor, dor, stress, medo, alegria
e desenvolvem afeições e relações mas também depressões ou traumas, e tal como
nós também têm direito à saúde mental e física e, principalmente, têm direito à
vida.
Tenho consciência de que a humanidade não se tornará vegetariana de um dia para o outro. Contudo, se pelo menos,
respeitássemos a existência de todos os seres vivos e recursos do nosso planeta
e, por conseguinte, aprendêssemos a consumir apenas o indispensável à nossa
sobrevivência, já seria um bom começo e evitar-se-iam inúmeras situações como o descrito abaixo:
In Liga Portuguesa dos Direitos do Animal
- "A produção de carne é encarada como uma necessidade de abastecer a vastíssima população humana. Como solução, o homem cria os animais como se se tratassem de máquinas produzidas em série, esquecendo-se do facto que se tratam de seres vivos com sentimentos e sensibilidade tendo o direito a não morrer e a viver uma vida livre de prisões. Os frangos são provavelmente os animais mais abusados em todo o mundo. Dezenas de milhares de frangos são colocados num espaço sujo e nojento, emersos nos seus próprios excrementos e cadáveres de outros frangos que morreram de ataque cardíaco ou stress." -
In Liga Portuguesa dos Direitos do Animal
- "A produção de carne é encarada como uma necessidade de abastecer a vastíssima população humana. Como solução, o homem cria os animais como se se tratassem de máquinas produzidas em série, esquecendo-se do facto que se tratam de seres vivos com sentimentos e sensibilidade tendo o direito a não morrer e a viver uma vida livre de prisões. Os frangos são provavelmente os animais mais abusados em todo o mundo. Dezenas de milhares de frangos são colocados num espaço sujo e nojento, emersos nos seus próprios excrementos e cadáveres de outros frangos que morreram de ataque cardíaco ou stress." -
Uma questão de consciência...
Para muitos, pode parecer
incompreensível que nem todos tenhamos já estes conceitos bem presentes nas
nossas mentes, mas pela minha experiência pessoal e também pela informação que
vou adquirindo, as pessoas não partilham todas do mesmo nível de consciência.
Situação que pode dever-se a inúmeros factores, entre os quais, herança
cultural por parte da família e tecido social, educação, ou mesmo uma menor
capacidade de abstracção, a qual nos permite distanciar de todas estas
influências a que somos sujeitos durante a vida, proporcionando-nos uma visão
mais clara das situações e desse modo, gerarmos os nossos valores, baseados nas
nossas próprias opiniões e conhecimento empírico, independentemente dos
conceitos herdados.
Salvo algumas excepções de
pessoas que apresentam distúrbios mentais e que retiram prazer do sofrimento
alheio, seja com animais ou com o seu semelhante, incrivelmente a maioria dos
intervenientes nos eventos acima referidos (lutas de cães e galos, touradas, caça
desportiva, etc.), demonstram até alguma "inocência" nas observações
apresentadas.
É comum ouvi-los dizer que são amigos dos animais, pois ajudam a
controlar e preservar a espécie, garantindo assim a sua continuidade, bem como
afirmam proporcionar-lhes uma boa qualidade de vida.
Estas observações demonstram um
profundo desconhecimento relativamente aos animais e ao mundo natural, por
isso, cabe-nos a nós, aos que já temos alguma bagagem relativa a estas
questões, abordar o tema responsavelmente de modo a conseguirmos transmitir os
nossos conhecimentos. Penso que só assim, será possível passar a melhor mensagem, com vista a um entendimento global e desse modo contribuirmos para a tão
desejada harmonia e equilíbrio ambiental do nosso planeta.
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