segunda-feira, 9 de junho de 2014

Vegetarianos São Mais Inteligentes

É a conclusão a que chegou um grupo de pesquisadores após um estudo de longa duração, divulgado na publicação científica britânica, British Medical Journal.

Na investigação realizada pela Universidade de Southampton, foram questionados os hábitos alimentares de 8170 adultos (homens e mulheres) de trinta anos que, vinte anos antes, quando ainda eram crianças, se submeteram a uma avaliação do quociente de inteligência (QI). A equipa de cientistas constatou que os adultos agora praticantes de uma alimentação vegetariana, nos testes de QI realizados aos dez anos de idade, tinham apresentado, em média, mais cinco pontos (105 pontos) do que os não-vegetarianos (99 pontos). Isto representa uma diferença expressiva tendo em conta as escalas de classificação utilizadas na avaliação do quociente de inteligência.

Segundo Catherine Gale, uma das investigadoras da equipa, a descoberta de que crianças mais inteligentes demonstram maior tendência para se tornar vegetarianas, em conjunto com a evidência dos benefícios de uma dieta de origem não animal, pode explicar a correlação entre um QI mais alto na infância e um risco reduzido de doenças cardíacas e de obesidade na vida adulta. No entanto, a investigadora salienta que entre os vegetarianos que participaram no estudo, a maioria afirmou ter optado por este tipo de dieta não tanto pelo benefício da própria saúde, mas por uma questão de ética, protegendo deste modo a vida dos animais e favorecendo o meio ambiente. O estudo revelou ainda que os vegetarianos possuem mais habilitações académicas e/ou mais aptidões intelectuais, mas não remunerações ou rendimentos mais elevados.

Não será surpreendente a conclusão de que os vegetarianos são mais inteligentes mas não os mais ricos, considerando os inúmeros génios da humanidade que morreram pobres, alguns até ostracizados, tornando-se muitos deles reconhecidos apenas após a morte.

Pode parecer um contrassenso, mas se pensarmos que quanto mais inteligente for uma pessoa, mais à frente do seu tempo viverá e com menos pessoas se identificará e partilhará os seus interesses, talvez se torne mais fácil compreender as dificuldades de integração que daí possam surgir. Um desenvolvimento assíncrono pode levar ao isolamento, não tanto pela rejeição de terceiros mas pelo próprio não se sentir motivado a trabalhar ou conviver com pessoas cujos interesses e objectivos não o estimulem, ou mesmo aprove. Algo que acontece frequentemente entre vegetarianos, especialmente veganos, uma vez que por uma questão de ética rejeitam uma série de situações e trabalhos que pela maioria são encarados como normais.

De acordo com o resultado deste estudo, ainda que sejam os mais inteligentes a demonstrar tendência para se tornar vegetarianos, existem comprovadamente alimentos que potenciam as capacidades intelectuais. Tal como o resto do corpo, o cérebro também necessita de nutrientes para desenvolver e quando alimentado correctamente, aumentará as capacidades mentais potenciando a inteligência.

Para o efeito, deve evitar-se a ingestão de hidratos de carbono refinados ou de absorção rápida como os refrigerantes, bolachas, fritos, pão branco ou arroz branco, já que aumentam exponencialmente os níveis de açúcar no sangue, resultando numa grande quebra de energia e, a longo prazo, no aumento das hipóteses de se padecer de uma doença grave. Os bons substitutos são os hidratos de carbono complexos ou de absorção lenta, como os cereais integrais, os vegetais e as leguminosas.

Igualmente os ácidos gordos essenciais - como a própria designação indica - são fundamentais quando se pretende tirar todo o partido das capacidades cognitivas. Não devem confundir-se as gorduras boas com as más que provêm da carne e de outros produtos de origem animal como o leite, o queijo e restantes derivados. As boas, as que promovem a saúde mental, são os ómega 3 e 6, sendo que a sua carência pode resultar em depressão, dislexia, hiperactividade com défice de atenção, fadiga, problemas de memória ou mesmo o autismo. São boas fontes de ómega 3 as sementes e óleo de linhaça, sementes de cânhamo e de abóbora e ainda as nozes e o óleo de canola. Quanto às fontes de ómega 6, destacam-se também as nozes, o milho, o sésamo, o óleo de onagra e as sementes de groselha preta. O ómega 3 deve ser sempre ingerido em quantidade superior ao ómega 6, pelo que é essencial a preferência por alimentos ricos no primeiro.

Por sua vez, as substâncias anti-oxidantes encontradas sobretudo nos vegetais e frutos vermelhos, combatem os radicais livres, impedindo o envelhecimento mental e físico e são óptimos agentes na prevenção de doenças mentais como o Alzheimer.



Texto de C. Vantacich publicado pela revista "Boa Estrela", Março 2014.



Algumas personalidades históricas e famosas que optaram por uma dieta vegetariana, por ordem de nascimento: Pitágoras, Confúcio, Sócrates, Platão, Leonardo da Vinci, Isaac Newton, Voltaire, Benjamin Franklin, Jacques Rousseau, Schopenhauer, Abraham Lincoln, Richard Wagner, Liev Tolstói, Thomas Edison, Van Gogh, George Bernard Shaw, Henry Ford, Herbert George Wells, Gandhi, Albert Einstein, Franz Kafka, Martin Luther King, Paul McCartney, Peter Singer, Steve Jobs, Morrissey.

Sem comentários:

Enviar um comentário