É a conclusão a que chegou um grupo de pesquisadores após um estudo de
longa duração, divulgado na publicação científica britânica, British Medical
Journal.
Na investigação realizada pela Universidade de Southampton, foram
questionados os hábitos alimentares de 8170 adultos (homens e mulheres) de
trinta anos que, vinte anos antes, quando ainda eram crianças, se submeteram a
uma avaliação do quociente de inteligência (QI). A equipa de cientistas constatou
que os adultos agora praticantes de uma alimentação vegetariana, nos testes de
QI realizados aos dez anos de idade, tinham apresentado, em média, mais cinco
pontos (105 pontos) do que os não-vegetarianos (99 pontos). Isto representa uma
diferença expressiva tendo em conta as escalas de classificação utilizadas na
avaliação do quociente de inteligência.
Segundo Catherine Gale,
uma das investigadoras da equipa, a descoberta de que crianças mais
inteligentes demonstram maior tendência para se tornar vegetarianas, em conjunto
com a evidência dos benefícios de uma dieta de origem não animal, pode explicar
a correlação entre um QI mais alto na infância e um risco reduzido de doenças
cardíacas e de obesidade na vida adulta. No entanto, a investigadora salienta que
entre os vegetarianos que participaram no estudo, a maioria afirmou ter optado
por este tipo de dieta não tanto pelo benefício da própria saúde, mas por uma
questão de ética, protegendo deste modo a vida dos animais e favorecendo o meio
ambiente. O estudo revelou ainda que os vegetarianos possuem mais habilitações
académicas e/ou mais aptidões intelectuais, mas não remunerações ou rendimentos
mais elevados.
Não será surpreendente
a conclusão de que os vegetarianos são mais inteligentes mas não os mais ricos,
considerando os inúmeros génios da humanidade que morreram pobres, alguns até
ostracizados, tornando-se muitos deles reconhecidos apenas após a morte.
Pode parecer um
contrassenso, mas se pensarmos que quanto mais inteligente for uma pessoa, mais
à frente do seu tempo viverá e com menos pessoas se identificará e partilhará
os seus interesses, talvez se torne mais fácil compreender as dificuldades de
integração que daí possam surgir. Um desenvolvimento assíncrono pode levar ao
isolamento, não tanto pela rejeição de terceiros mas pelo próprio não se sentir
motivado a trabalhar ou conviver com pessoas cujos interesses e objectivos não o
estimulem, ou mesmo aprove. Algo que acontece frequentemente entre
vegetarianos, especialmente veganos, uma vez que por uma questão de ética
rejeitam uma série de situações e trabalhos que pela maioria são encarados como
normais.
De acordo com o
resultado deste estudo, ainda que sejam os mais inteligentes a demonstrar
tendência para se tornar vegetarianos, existem comprovadamente alimentos que
potenciam as capacidades intelectuais. Tal como o resto do corpo, o cérebro
também necessita de nutrientes para desenvolver e quando alimentado correctamente, aumentará as capacidades mentais potenciando a inteligência.
Para o efeito, deve
evitar-se a ingestão de hidratos de carbono refinados ou de absorção rápida
como os refrigerantes, bolachas, fritos, pão branco ou arroz branco, já que aumentam
exponencialmente os níveis de açúcar no sangue, resultando numa grande quebra
de energia e, a longo prazo, no aumento das hipóteses de se padecer de uma
doença grave. Os bons substitutos são os hidratos de carbono complexos ou de
absorção lenta, como os cereais integrais, os vegetais e as leguminosas.
Igualmente os ácidos
gordos essenciais - como a própria designação indica - são fundamentais quando
se pretende tirar todo o partido das capacidades cognitivas. Não devem
confundir-se as gorduras boas com as más que provêm da carne e de outros
produtos de origem animal como o leite, o queijo e restantes derivados. As
boas, as que promovem a saúde mental, são os ómega 3 e 6, sendo que a sua carência
pode resultar em depressão, dislexia, hiperactividade com défice de atenção,
fadiga, problemas de memória ou mesmo o autismo. São boas fontes de ómega 3 as
sementes e óleo de linhaça, sementes de cânhamo e de abóbora e ainda as nozes e o óleo de canola. Quanto às fontes
de ómega 6, destacam-se também as nozes, o milho, o sésamo, o óleo de onagra e as
sementes de groselha preta. O ómega 3 deve ser sempre ingerido em quantidade
superior ao ómega 6, pelo que é essencial a preferência por alimentos ricos no
primeiro.
Por sua vez, as
substâncias anti-oxidantes encontradas
sobretudo nos vegetais e frutos
vermelhos, combatem os radicais livres, impedindo o envelhecimento
mental e físico e são óptimos agentes na prevenção de doenças mentais como o Alzheimer.
Texto de C. Vantacich publicado pela revista "Boa Estrela", Março 2014.
Texto de C. Vantacich publicado pela revista "Boa Estrela", Março 2014.
Algumas personalidades históricas e famosas que optaram por uma dieta
vegetariana, por ordem de nascimento: Pitágoras,
Confúcio, Sócrates, Platão, Leonardo da Vinci, Isaac Newton, Voltaire, Benjamin
Franklin, Jacques Rousseau, Schopenhauer, Abraham Lincoln, Richard Wagner, Liev
Tolstói, Thomas Edison, Van Gogh, George Bernard Shaw, Henry Ford, Herbert
George Wells, Gandhi, Albert Einstein, Franz Kafka, Martin Luther King, Paul
McCartney, Peter Singer, Steve Jobs, Morrissey.
Sem comentários:
Enviar um comentário