quinta-feira, 14 de julho de 2011

Não se Acomode a uma Depressão



A depressão tornou-se numa doença tão comum nas sociedades modernas que perigosamente poderá ser rotulada como uma doença vulgar. Há quem a considere uma espécie de gripe das doenças mentais. Provavelmente, neste momento, cerca de 25% de pessoas atravessam um episódio, pelo menos, na sua forma mais branda. O que não deixa de ser preocupante, antes pelo contrário e, tal como uma gripe, a depressão deve ser vigiada de modo a que não evolua para uma “pneumonia” ou algo mais grave.

A maneira de pensar, sentir e agir e, consequentemente, o modo como o corpo responde, são alterados, uma vez que os seus sintomas são psicossomáticos. Usualmente, as pessoas deprimidas pensam nos próprios problemas como algo permanente e insolúvel, inclusive a própria vida pode vir a parecer-lhes inútil e sem qualquer sentido. É cada vez mais frequente, depararmo-nos com pessoas que se sentem deste modo. Porém, esta doença mental é um fenómeno recente.


Um Fenómeno Recente…

Estudos do Instituto Nacional de Saúde Mental, do estado de Washington nos Estados Unidos, revelaram que no início do século passado a depressão era um problema muito menos comum e que a cada geração se tem vindo a agravar, em quantidade e qualidade. Pessoas nascidas no final do século XX são dez vezes mais propensas a sofrer de depressão do que as nascidas anteriormente.

Há também diferenças relativamente à idade em que se manifesta a primeira depressão. Segundo os dados apresentados pelo mesmo instituto, esta baixou dos 35 para os 25 anos. Parece que apesar dos nossos avós não terem tido a possibilidade de tomar Prozac, aparentemente, eram muito menos propensos a precisar dele ou de qualquer outro antidepressivo.



Causas
As causas diferem muito de pessoa para pessoa. Porém, é possível afirmar-se que há factores influentes no aparecimento e permanência de episódios depressivos. Por exemplo, condições de vida adversas, o divórcio, a perda de um ente querido, a competitividade no mercado de trabalho, o desemprego, a incapacidade de lidar com determinadas situações ou de ultrapassar certos obstáculos, etc.

Determinar qual o ou os factores que desencadearam a crise depressiva pode ser importante, pois para o doente poderá ser vantajoso aprender a evitar ou a lidar com esse factor durante a recuperação ou mesmo durante o tratamento.


Sintomas

Uma avaliação real da depressão leva em conta muitos factores. Por exemplo, um profissional de saúde mental desenvolverá um diagnóstico durante um período significativo de tempo, considerando cinco ou mais dos seguintes sintomas:

1. O humor depressivo
2. Perda de interesse em actividades usuais
3. Perda de apetite
4. Insónia
5. Lentidão psicomotora (pensamento e/ou movimentos lentos)
6. Perda de energia
7. Sentimentos de inutilidade e culpa
8. Diminuição da capacidade de raciocínio e falta de concentração
9. Pensamentos ou atitudes suicidas


Prevenção

O importante será não descurar uma depressão por mais leve que seja. Mas como em todas as doenças, a prevenção é sempre a melhor abordagem, particularmente para pessoas em situação de risco, pois permite que se tomem providências ou mesmo a intervenção precoce de profissionais especializados, impedindo assim o agravamento dos sintomas.


Sugestões para combater a depressão


Exercício Físico
No entanto, e caso seja possível, com algumas mudanças de atitude e alterações nas rotinas diárias, costumam obter-se bons resultados, nomeadamente com exercício físico que contribui para o desenvolvimento da neurogénese, ou seja, desenvolve o processo de formação de novos neurónios e aumenta a produção se serotonina e endorfinas, tal como os antidepressivos, mas de um modo mais saudável, uma vez que não há ingestão de químicos no organismo.

Se dedicar 20 minutos diários do seu tempo ao exercício físico, durante o qual controla a respiração, inspirando e expirando calma e compassadamente, de imediato irá notar alterações positivas.


Meditação

Mas para quem não é grande apreciador da actividade física, a meditação também pode ser uma excelente alternativa. Dr. Andrew Mcculloch, diretor geral da Fundação de Saúde Mental do Reino Unido, ressaltando a evidência de que esvaziar a mente ajuda a sair dos ciclos de depressões recorrentes, defende que uma terapia baseada na meditação ajuda a prevenir milhares de novas depressões todos os anos e que os resultados em pessoas deprimidas são igualmente impressionantes.

Existem várias formas de meditar, umas mais complexas e demoradas do que outras e caso pretenda praticar meditação, mas não esteja familiarizado/a com esta actividade, deixo-lhe aqui um método simples:

Técnica Simples de Meditação


Primeiro, escolha um local tranquilo e sente-se confortavelmente, apoiando as costas das mãos sobre os joelhos. De seguida, escolha algo agradável para se concentrar. Pode ser uma palavra, uma frase curta, uma imagem, por exemplo, de uma paisagem, ou mesmo uma oração se preferir. Pode também escolher uma palavra neutra como “calma” ou “paz”, ou ainda optar apenas por se focar na sua respiração. Depois feche os olhos, relaxe os músculos, inspire e expire calmamente e de forma natural. A cada vez que expira pense ou visualize o que escolheu para se concentrar.

No início, a sua mente irá vaguear mas não se preocupe. Verifique até onde a mente vai e traga-a de volta para a sua respiração e palavra, frase ou imagem de concentração. Assuma uma atitude passiva durante a meditação. Nesta fase é muito importante que não seja crítico para consigo mesmo. Não faz mal se a sua mente vaguear. Acontece, principalmente no início e sempre que acontecer, passivamente volte à sua respiração e concentração.

Continue a meditação por 10 minutos. Se quiser pode ir vendo o relógio de vez em quando. À medida que os pensamentos vão entrando na sua mente, deixe-os sair e volte a concentrar-se.

Para obter melhores resultados, pratique esta técnica entre uma a duas vezes por dia. Conforme vai praticando este método simples de meditação, vai sendo mais fácil conseguir concentrar-se e afastar os pensamentos não relacionados com a palavra ou imagem de concentração.

Este exercício mental não só o/a retira de estados depressivos como também contribui para melhorar a sua atenção e concentração no dia-a-dia.



Alimentação

A alimentação é um factor muito importante na prevenção e combate à depressão, a qual deve ser sempre variada e colorida. Segue-se uma lista de alguns dos alimentos que potenciam positivamente o seu estado de humor:

- Frutos: amêndoa, melancia, banana, laranja, uvas.
- Vegetais: brócolos, salsa, espinafres.
- Cereais Integrais: aveia, arroz, pão.


exercício físico, a meditação e uma alimentação cuidada, são modos eficazes para combater a depressão, contudo, qualquer outro método que opte por incluir no seu plano será válido, desde que lhe proporcione a sensação de que está a fazer algo em benefício da própria saúde e bem-estar. Não posso, no entanto, deixar de salientar que quando os estados depressivos são profundos, dever-se-á, impreterivelmente, consultar um especialista.




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